As maiores perdas de água no mundo estão na irrigação. Foto: Antonio Jose do Carmo/AE
Apesar de ser, de longe, o setor que mais consome água, a agricultura de irrigação tende a crescer algo em torno de 15% a 20% nos próximos 30 anos, atendendo à demanda por mais alimentos, de uma população projetada em 8 bilhões de pessoas, além de responder à demanda econômica por produtos agrícolas de maior valor agregado. Uma pessoa adulta precisa de 4 litros de água por dia para beber, mas para produzir seu alimento diário são necessários de 2 a 5 mil litros.
Na média mundial, cerca de 70% dos recursos hídricos disponíveis atualmente são destinados à irrigação, contra apenas 20% para a indústria e menos de 10% para abastecimento da população (higiene e consumo direto). Nos países desenvolvidos, o porcentual de uso da água para irrigação é ainda maior, chegando próximo dos 80%. No entanto, mesmo lá, apenas 1% das áreas irrigadas adotam o método de gotejamento, um dos mais eficientes na relação alimento por litro de água utilizada, uma vez que reduz a possibilidade de evaporação, segundo Sandra Postel, diretora do projeto Global Water Policy, de Massachusetts (EUA).
“Se a agricultura conseguir aumentar a produtividade da água, a pressão sobre os preciosos recursos hídricos pode ser reduzida e a água seria liberada para outros setores”, afirma Kenji Yoshinaga, diretor da Organização para Agricultura e Alimentação (FAO), agência das Nações Unidas (ONU). “Esperamos que o 3º Fórum Mundial da Água, de Kyoto, avance na discussão da agricultura e gestão da água e coloque o tema na agenda política e econômica".
De acordo com os cálculos de Yoshinaga, a simples melhora de 1% na eficiência do uso da água de irrigação, nos países em desenvolvimento de clima árido, significaria uma economia de 200 mil litros de água, por agricultor, por hectare/ano. O suficiente para matar a sede de 150 pessoas, no período.
O especialista da FAO diz que as áreas irrigadas, nos países em desenvolvimento, devem aumentar dos atuais 202 para 242 milhões de hectares. Só na África, o potencial é de 40 milhões de hectares, dos quais apenas 12 estão sendo aproveitados. Nos países desenvolvidos, o total irrigado fica em torno dos 50 milhões de hectares, mas o potencial de expansão é menor, porque a agricultura já é intensificada. Por isso, a escolha da tecnologia mais adequada e, sobretudo, a promoção de métodos de irrigação que evitam o desperdício é fundamental para atender à demanda por alimentos, com o mínimo de impactos ambientais, como a degradação dos solos, dos aqüíferos ou os processos de salinização.
Em muitos perímetros irrigados, a baixa qualidade das águas de superfície levou os agricultores a optar pelas águas subterrâneas. Porém, o uso descontrolado está levando ao rebaixamento dos aqüíferos, em alguns casos (incluindo áreas dos Estados Unidos), no impressionante ritmo de 1 a 3 metros por ano. Para evitar problemas, a FAO sugere, num relatório divulgado em Kyoto, a adoção de tecnologias mais eficientes do que a tradicional inundação de campos ou o uso generalizado de aspersores e pivô central (os dois métodos mais utilizados no Brasil).
“Não há uma única solução para manter a segurança alimentar quando a água é escassa”, diz o documento da FAO. "Todas as fontes de água – chuva, canais de irrigação, águas subterrâneas e águas servidas – são importantes. Todas podem ser desenvolvidas em condições adequadas. A melhor combinação de uso do solo, tipo de cultivo e fonte de água deve responder às características de cada ecossistema”.
Liana John do Jornal O Estado de São Paulo
Disponivel: http://www.agua.bio.br/botao_d_N.htm Acesso: 30/11/2010
Disponivel: http://www.agua.bio.br/botao_d_N.htm Acesso: 30/11/2010
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