quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Água e Desastres

 A ONU, como antecedente para a minimizar os desastres, lançou no ano passado a Campanha Mundial de Redução de Desastres, orientada no sentido de mudar a nossa percepção e atitudes face aos desastres hidrometeorológicos.

O clima e os recursos hídricos podem ter um impacto devastador no desenvolvimento sócio-econômico e no bem-estar da Humanidade. Cientes desta realidade, os principais órgãos ambientais da ONU, cientistas e pesquisadores dos problemas gerados pelas mudanças climáticas, coincidiram em centralizar o foco das atenções do Dia Mundial da Água de 2004 na temática dos desastres. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial – OMM, os eventos climáticos extremos, tais como furacões, tempestades, inundações e secas, provocam 75% das catástrofes, que se traduzem em perdas de milhares de vidas e ingentes danos econômicos aos países. A solução até agora encontrada, fora monitorar esses eventos e predizer as suas ocorrências, é a oportuna divulgação de informações com o objetivo de mitigar o impacto dos desastres sobre a vida cotidiana. 
A estratégia escolhida neste ano pela ONU é a de tratar o tema “Água e Desastres” com uma ênfase particular na ação antrópica e, de forma analítica, na ação da natureza. Este ano, certamente, resultará num acúmulo de informações que servirão para conhecer melhor como interagem estes dois universos e como podem ser minimizados os efeitos devastadores dos elementos. Mesmo com a universalização das informações, internacionalmente pouco se conhece sobre como age a sociedade civil nas crises locais e nos milhares de desastres que devastam comunidades inteiras. 
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A ONU, como antecedente para a minimizar os desastres, lançou no ano passado a Campanha Mundial de Redução de Desastres, orientada no sentido de mudar a nossa percepção e atitudes face aos desastres hidrometeorológicos. Uma das conclusões dos debates levantados no Dia Mundial da Água de 2004 será, sem nenhuma dúvida, a incorporação da temática dos desastres nas Metas do Milênio da ONU. A falta de água atinge cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo e, se não forem adotadas medidas para conter o consumo, dentro de 25 anos cerca de 4 bilhões de indivíduos não terão água suficiente nem para as suas necessidades básicas. 
Quanto à participação brasileira no Dia Mundial da Água, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destaca que um país que detém 11% da água doce do mundo não pode fracassar na tarefa de proteger e preservar os seus bens naturais. Para comemorar essa data foi planejado o Programa Água Doce que pretende levar água para a população do Semi-árido. Por sua vez, o Ministro das Cidades, Olívio Dutra, anunciou que no próximo mês de Abril o Governo enviará, finalmente, para o Congresso Nacional o tão esperado Projeto de Lei da nova Política Nacional de Saneamento. 
João Bosco Senra, Secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, afirma que o Brasil pode comemorar o fato de a sociedade estar se envolvendo cada vez mais com as discussões sobre a conservação da água. Segundo Senra, a parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, que adotou a Água como tema da Campanha da Fraternidade deste ano, é uma prova do interesse nesse campo e acrescenta que o maior desafio do Brasil é acabar com a cultura de desperdício. Há três gerações, não se falava em poluição nem em cobrar pelo uso da água; a sociedade convivia com a cultura da abundância. Hoje, temos uma situação totalmente diferente. Além do esforço a ser realizado para não desperdiçar esse bem, a sociedade como um todo precisa trabalhar pela sua preservação, para garantir água de qualidade às futuras gerações. 
O Brasil desperdiça 40% da água potável destinada ao consumo humano. A média considerada ideal pela Organização das Nações Unidas é de 20%; na América Latina apenas Argentina e Chile apresentam índices menores. O nosso país enfrenta sérios problemas como a falta de saneamento e de tratamento de água, desperdício nos sistemas de distribuição e mau uso da água pelas pessoas. A área rural demanda esse bem como condição fundamental para o crescimento das suas atividades que, por razões estratégicas e de forma muito questionável, se transformou no eixo da balança comercial brasileira ao gerar divisas.

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